Dona Chic e as mães que voltaram pro armário para salvar os 15 anos da filhota

Hoje pela manhã me deparei com um post, de uma das paginas pseudo-cults que curto, na timeline do meu facebook.  É uma boa pagina. Mas tive total certeza da sua pseudo-culteza depois desse post publicado por eles. 
Ele basicamente se referia a uma resposta de um e-mail enviado a uma das referências de etiqueta e moda brasileiras. A Dona Chic. 
Nesse post em questão, não na resposta da chic. Ela foi acusada de manter o preconceito velado em relação a situação exposta.Tendo lido a chamada da matéria ignorei. Já estou cansada de ver gente sendo acusada de ter preconceito, de ver o preconceito, e de não entender a galera que adora apontar o dedo sujo pros outros. Não precisava de mais uma. 
Daí vi o post do site da Dona Chic na minha timeline. Não resiti e olhei. E novamente não entendi a galera.

Então resolvi escrever. E salgar a santa ceia e queimar no mármore do inferno com a minha opinião.

Explicando melhor:


A Dona Chic, foi procurada por uma mãe homoafetiva, que tendo uma duvida em relação a como proceder no bailinho de 15 anos da filha resolveu procurar ajuda.

Vou fazer um copycat e ir comentando o post da Dona Chic pra vocês.



"Recebi um e-mail muito simpático de uma mãe cuja filha vai fazer quinze anos e tem uma festona programada.
Olá, Gloria. Gostaria que você me ajudasse em um problema pontual na nossa família. Tenho uma relação homoafetiva, duas filhas, sendo que uma delas vai fazer 15 anos. O problema é: vamos fazer uma festa muito bonita mas não sabemos como lidar com a questão da valsa. Na escola os colegas não sabem desse detalhe familiar, pois ela tem medo de sofrer preconceitos... Não terá os 15 pares, então queríamos saber como resolver, pois as duas mães gostariam de estar nesse momento."

Reparem bem amados. Ela, a filha. É ela que tem medo do que os colegas possam pensar da sua família composta por duas mães. isso não prova que o preconceito parte dela.
Não a culpo por isso, adolescentes são criaturas crueis. E me parece que, a maioria das pessoas que julgaram a alternativa oferecida pela Dona Chic para resolver a questão da família, se esqueceu de como é ter 15, 16, 17 anos.
A menina provavelmente quer preservar as mães e a própria irmã das possívies agressões vindas dos seus colegas de escola. Talvez queira se proteger.
Recentemente o filho de uma amiga muito querida vem sofrendo bullying na escola por não agir como a maioria de seus colegas babacas agem. 
Adolescentes são crueis. Ainda mais com quem não faz parte do círculo deles. 

"A dúvida dela é: quem dança a valsa dos pais com a menina já que a família é homoafetiva, composta por duas mulheres? "Na escola, nem todos sabem da formação familiar", diz ela. E nem têm que saber. Ninguém tem nada com isso, não é mesmo? "


Ninguém tem nada com isso mesmo. Concordo. A opção de amar quem quer que seja não precisa ser pública. A quem goste de gritar suas alegrias e tristezas aos sete ventos. E a quem não tenha essa coragem. Mas jesas, existem também as pessoas discretas.
O que não me parece ser o caso dessas mulheres. Vejo apenas duas mães preocupadas com a alegria da filha. E garanto que a preocupação dessas mulheres existe porque já foram maltradas pela sua opção de amor. E com o quê mais elas tem que se importar mesmo? Com a saúde a alegria de sua familia o resto é secundário.
A filha quer uma festa de 15 anos assim como qualquer menina na idade dela quer. A quem diga que é um ritual arcaico. Mas para a filha delas não. E o que os pais fazem pelos filhos mesmo? Cuidam, educam, mostram o caminho certo, e comemoram todo ano o nascimento deles. Se é de 15, 16, 18 ou 21 anos não importa.

"Por isso, o melhor é convidar o padrinho da garota ou um amigo da família para dançar, para que ela se sinta integrada no seu  ambiente escolar. Nessa idade, tudo que as garotas querem é pertencer a um grupo e agir de acordo com ele. Cabe aos adultos fazerem pequenas concessões.
A Dona Chic apresentou uma solução para o "problema pontual da familia". Só. A mãe queria uma alternativa para deixar o aniversário da filha exatamente como ela queria. Perfetinho com 15 pares de jarros dançando a valsa da meia noite. 

E foi isso que a Dona Chic ofereceu. Uma alternativa que poupe a filha do preconceito velado (só que não) por ter duas mães.
Isso não prova que ela é preconceituosa, mostra só que a alternativa mais aceitável pela sociedade é essa. E isso sim é vergonhoso. E não é novidade pra ninguém. 

E além do mais a mãe pediu uma resposta como essa. Bora lá, se ela mesma não estivesse com medo. A hipótese de não valsar com sua esposa para deixar o aniversário da filha bonitinho e aceitável para a maioria da sociedade nem teria passado pela cabeça dela. E outra, já pararam pra pensar o que essa mulher já sofreu com o preconceito? Mulher sempre sofre mais, fica a dica. Então ela resolveu poupar a filha disso.

Só lembrando daquela frase: "Não aponte a mim com o seu dedo sujo" Ou então aquela outra "limpe seu umbigo antes de falar do meu".

Em relação ao burburinho: Vocês vão me desculpar, mas acho que a maioria das pessoas quer mostrar tanto que não é preconceituosa e que é a favor de qualquer forma de amor que julgam sem antes pensar nos detalhes. E os detalhes fazem toda a diferença.



Para não me matarem: O preconceito existe. E como. Não estou dizendo que a alternativa apresentada pela Dona Chic seja  melhor. É paleativa somente.

O que eu faria se a pergunta fosse direcionada a mim:  Colocaria as mães dançando juntas. Foda-se a sociedade. Mas elas preferem preservar as filhas. Não estão erradas.

Meu conselho para a filha: ACORDA, não desperdície suas mães. Elas te amam e sacrificariam tudo por você. Por sinal elas já estão fazendo isso quando optam por se esconderem para você ter seu bailinho perfeitinho.

Para as mães: Elas são leoas que querem proteger seus filhotes a qualquer custo. Mesmo que custe a alegria de ser quem elas realmente são. Assim são as mães. E essa cagona dessa menina tem duas e não quer assumir nenhuma delas. E isso, meu bem, é amor incondicional. Parabéns a elas.

Quero ver vocês no bailinho de 15 anos das suas filhas. 


P.S : Não quis ofender as mães com o título. 


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